S.Caetano aplica R$ 20 mi para reduzir perda de água

Meta do SAESA é baixar para um dígito o desperdício na rede até 2024; em cinco anos, cidade registrou queda de 41%

17 de Janeiro de 2019

O SAESA (Serviço de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental), de São Caetano, planeja investir, até 2024, mais R$ 20 milhões para combater as perdas de água nas redes que abastecem o município. Em 2018, o volume desperdiçado caiu para 14%, a maior parte causada por vazamentos.

Desde 2011, já foram investidos R$ 15 milhões em trocas de rede, hidrômetros e cavaletes, microssetorização das redes e tecnologias que auxiliam os técnicos a identificar e reparar os vazamentos, como a central de monitoramento da rede. De acordo com o superintendente do Saesa, Rodrigo Gonçalves Toscano, esses investimentos já apresentaram resultados, como a redução de 41% nas perdas quando os indicadores do ano passado são comparados com 2013, que registrou 23,85% de perda de água.

 

“Atualmente, 80% de todos os hidrômetros com mais de cinco anos já foram substituídos”, destacou Toscano. As redes que estão sendo instaladas têm vida útil de 30 anos. “Todo esse trabalho é para chegar ao final desse investimento e desse período com apenas um dígito de perda”, concluiu.

Entre as medidas, Toscano destacou a microssetorização da rede, que permite executar reparos de vazamentos ou mesmo manutenções preventivas sem interromper o abastecimento de grande número de imóveis. “Isolamos uma pequena área para que seja feita a intervenção, com um impacto menor para a população”, pontuou. Outra medida importante é o plantão 24 horas para atendimento de emergências, pelo telefone 2181-1800. “Em qualquer dia da semana, assim que reportado, o problema tem resposta em menos de 24 horas.”

 

NA REGIÃO

Entre as outras cidades da região, os índices de perda variam de 12% a 43%. Nos municípios cujo saneamento é de responsabilidade da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), São Bernardo perdeu 43,1%; Diadema, 17,8%; Ribeirão Pires 13,3%; e Rio Grande da Serra, 12%. A empresa destacou que o programa de perdas é composto por diversas ações, como a instalação de novas válvulas redutoras de pressão (VRPs), pesquisa para detecção de vazamentos não visíveis, diminuição nos tempos de conserto de vazamentos, substituições de redes e ramais de água e controle de pressão.

Em Santo André, o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental) informou que a perda de 2018, até novembro, foi de 43,12%, índice que vem aumentando desde 2016 (naquele ano, a perda foi de 39,5%). Segundo a autarquia, o aumento se deve ao maior volume de água disponível para a população. Este incremento, porém, também impactou as redes de abastecimento, causando mais vazamentos, o que vem sendo combatido pelo Semasa por ações como troca de redes, implantação de válvulas redutoras de pressão e programa de troca de hidrômetros com mais de cinco anos. A Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) não respondeu até o fechamento desta edição.

 

Para especialistas, problema tem impacto na saúde e na economia

A perda de água tratada tem impactos que vão de prejuízo econômico a riscos à saúde pública, afirmam especialistas em saneamento e recursos hídricos. Presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos destacou que o combate às perdas deve ser constante. “As empresas cobram uso racional dos consumidores, mas elas mesmas descuidaram muito tempo dos problemas na distribuição”, avaliou. Carlos disse que o tratamento da água “é muito caro”, e desperdiçar esse bem é também “jogar recursos fora”.

Professor do curso de Engenharia Ambiental da Metodista, Carlos Henrique de Oliveira lembrou que perder água por vazamento (física) ou por roubo/fraude (comercial) faz com que a população tenha seu abastecimento comprometido. “Alguém vai ficar sem água de qualidade ou quantidade necessárias para suprir suas necessidades”, comentou. O especialista destacou que se há vazamentos, há uma ‘porta de entrada’ de contaminação das redes, principalmente se houver rodízio ou desabastecimento por algum período. “Por onde sai a água, entra a contaminação. Isso é uma questão de saúde pública”, concluiu.

Em 2016, último ano com dados oficiais, o Brasil registrou 38% de perda, o equivalente a 17,5 milhões de metros cúbicos de água potável, segundo dados do Instituto Trata Brasil. 

Fonte: Diário do Grande ABC